Wednesday, March 21, 2007

ALPHA-POST

CINE-TUGA: Como é que descobriste Rio Turvo, o livro?
Edgar Pêra: Num alfarrabista. 50 cêntimos.
CINE-TUGA: Já conhecias Branquinho da Fonseca?
Edgar Pêra: Só O Barão. Há dez anos atrás quando rodava A Janela (Maryalva Mix) , o director de fotografia do filme, Luís Branquinho, revelou-me que o seu avô era o escritor Branquinho da Fonseca. Especulámos sobre a possibilidade de um dia vir a fazer um filme a partir de um dos seus contos.
CINE-TUGA: Algum em especial?
Edgar Pêra: Obviamente O Barão, a sua obra mais conhecida, foi a primeira hipótese abordada. Mas nunca mais falámos no assunto, outros filmes soterraram o projecto.(poético).
CINE-TUGA(expectante): …
Até que há três anos atrás encontrei o livro (da colecção RTP), num alfarrabista da Rua da Trindade. A capa suja condizia com o título - que de imediato me transportou para um universo de film noir e de western, e para os filmes série b, de Jaques Tourneur, Fritz Lang…
CINE-TUGA: Mas Rio Turvo não tem nada a ver com isso.
Edgar Pêra: Talvez. Mas tem a curta duração daqueles filmes série B, que antecediam os filmes série A, os chamados filmes “a sério”. E foi rodado em três semanas. E com um budget mínimo. E tem um pântano…
CINE-TUGA: Estás-te a adiantar. Já não estás a ser linear.
Edgar Pêra: Li de um fôlego o conto e rendi-me de imediato à caracterização das personagens. Totalmente imprevisível! Ora se aproximando do neo-realismo, com personagens maltratadas pelo destino, ora entrando por um universo onírico. E aquele final abrupto inesperado-trágico e irónico-amargo…
CINE-TUGA: Um final português?! Achas que foi a primeira vez que conscientemente abordaste um cliché português?
Edgar Pêra: Não tenho a certeza. Mas continuando….
Foi só alguns dias mais tarde que se deu o clic. Resumi em poucas frases o enredo de Rio Turvo ao Tiago Antunes, o montador dos meus últimos filmes.
Ao reparar na forma clara e sucinta como tinha resumido a história do filme ao Tiago apercebi-me que me estava a libertar de um problema recorrente: a repulsa que tenho a anedotas e outro tipo de historietas cinematográficas.
CINE-TUGA: Uma iluminação portanto…(irónico-amargo)
Tive aí a certeza que estava frente a matéria bruta cine-ficcional! A facilidade com que lhe resumi a história, sem qualquer espécie de pudor, fez-me pensar logo ali …
CINE-TUGA: Aonde? (interceptando)
Edgar Pêra: (incomodado) Naquela estação de comboio de Entrecampos A caminho da Escola de Cinema para dar uma aula de Dramaturgia.
CINE-TUGA: Também és professor.
Edgar Pêra: Não. Mas talvez por estar a caminho da Escola senti que poderia finalmente regressar a uma certa ideia de cinema, mais voltada para uma narrativa emocional do que para uma plástica sensorial. Mais pão pão queijo queijo. E outros ingredientes.
CINE-TUGA: Parece que aproximas o cinema da culinária…
Edgar Pêra: (ignorando-o): Ainda em transe com a leitura e releitura(s) do conto-novela dei por mim a resumir várias vezes em diferentes cadernos a história de Rio Turvo, e logo de seguida comecei a adaptar e a transcrever para linguagem cinematográfica.
CINE-TUGA: “Mas um homem parado não serve para nada.”
Edgar Pêra: Pois. Quando fui apresentar o Stadium (Fantas Mix) em Fevereiro de 2005 jantei de seguida com o produtor do filme, o João Pinto Sousa.
CINE-TUGA: O produtor de Movimentos Perpétuos, com quem tinhas tido uma experiência quase inédita em que o produtor avança com o dinheiro antes de ter garantido o total financiamento do filme. Os apoios foram obtidos, a distribuição garantida com mais de ano de antecedência…(propagandístiko)
Edgar Pêra: E lancei-lhe um repto: filmar Rio Turvo com um naipe de actores-músicos. Um risco calculado, mas ousado, para o qual teríamos de nos acautelar recorrendo a todo o tipo de trunfos.
CINE-TUGA: parece que aproximas o cinema dos jogos de azar.
Edgar Pêra (ignorando-o bis): No meu caso esses trunfos são amizades e cumplicidades.

5 comments:

Tiago said...

Tenho-me rido a bom rir com estas entrevistas.
Tantas ideias sobre cinema condensadas num formato acessivel e cativante.
Um abraco e ate' breve,
Tiago

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