Thursday, March 22, 2007

POST-NATURAL

CINE-TUGA: Os cenários do filme são uma mais valias do filme.
Edgar Pêra: Isso seria se encarrasse o filme como um produto. O que é para ti mais-valia?
CINE-TUGA: Um bónus especial, sem ter de pagar mais.
Edgar Pêra (a dar para o arrogante): A beleza dos cenários é uma perigosa armadilha. Fica-se refém da sua beleza. Foi talvez por isso que filmei as paisagens como se fossem rostos e os rostos como se fossem paisagens.
CINE-TUGA(abanando o leque): Isso soa-me a cliché
Edgar Pêra: Também a mim. O que quero dizer com isso é que procurei um certo grau de abstração durante a rodagem daqueles cenários de forma a que pertencessem a um todo.
CINE-TUGA(infantiloide): Intermutáveis como no Lego?
Edgar Pêra: Básico. O que é curioso é que toda a história se passa a pouco mais de 50 kms daqui e por vezes perguntam-me se foi filmado em África ou no Brasil. Até já evocaram o Vietname (sorriso apokaliptiko).
CINE-TUGA: Como foram construído os cenários?
Edgar Pêra: Ao sabor do vento. Como tínhamos meios escassíssimos o Miguel Figueiredo tive de inventar do nada. Chegámos ao limite extremo de às duas da manhã decidrmos alterar por completo o cenário do dia seguinte. Aquela cantina foi concebida e construída em menos de três horas.
CINE-TUGA: Isso não é uma desculpa?
Edgar Pêra: Desculpa? Desculpa, não percebi.
CINE-TUGA: Uma desculpa para o filme.
Edgar Pêra: A cantina também era dada como provisória no conto!
CINE-TUGA: Mas se todo filme foi feito a esse ritmo…
Edgar Pêra: É mais um sinal de desafio. E eu e as pessoas (amigos) que trabalham comigo gostamos de desafios. Fazer no momento. Perfeito para um páis eternamente provisório.
CINE-TUGA: Estás a citar o Branquinho da Fonseca?
Edgar Pêra: Quase.

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