Wednesday, March 28, 2007

POST-CAÓTICO

CINE-TUGA: Achas que a guirarra portuguesa aparece em Rio Turvo porque fizeste antes um cine-tributo a Carlos Paredes?

Edgar Pêra: A guitarra portuguesa apareceu antes n’A Janela (Maryalva Mix), em És a nossa Fé…

CINE-TUGA: Mas não com esta carga emocional.

Edgar Pêra: Talvez..

CINE-TUGA: Como apareceu a guitarra portuguesa de José Pracana no filme? É um autêntico cromo do Fado.

Edgar Pêra: Conheci-o há três anos atrás em São Miguel, por acaso ainda estava a montar o filme do Paredes, fui a casa dele filmar ao museu privado – reconstituição tasca de fado que tem na cave, mesmo frente a um relvado de futebol. Fado e futebol…

CINE-TUGA: Mais um acaso? Mais ícones de Portugal?

Edgar Pêra : Trata-se apenas de aproveitar e canalizar.

CINE-TUGA: Vês então o cineasta como uma espécie de canalizador?

Edgar Pêra : Quando li no conto que os trabalhadores tocavam todas as noites, pareceu-me natural que banda sonora fosse acústica. E portuguesa. E popular. E ao vivo. O Ricardo Ribeiro também apareceu por acaso. Estava a jantar num tasco, e ele meteu-se comigo porque eu estava a ler o livro fado Canção de Vencidos. Estava a preparar A Fúria do Fado.

CINE-TUGA (ácido): Mais um daqueles projectos em banho-maria?

Edgar Pêra (idealista): Há que manter viva a chama. (realista) É sempre mais fácil quando os primeiros contactos são espontâneos. Com o José Ananias (o Fiscal) foi o mesmo Eu e o Nuno Melo entrámos na Cãmara da Azambuja e ele estava lá, num dos gabinetes… Só depois soube que era actor . O Pedro Hestnes (Velês) encontrei num concerto na ZDB, combinei para o dia seguinte….

CINE-TUGA: É uma metodologia para descobrir personagens secundários?

Edgar Pêra: Não há metodologia. Existem condições. Neste caso falta delas. O que favorece um trabalho feito à medida dos acontecimentos. Raramente faço castings. Como pensar em fazer filmes (quase) sem dinheiro apenas com completos estranhos? Nem num partido…

No comments: