CINE-TUGA: O director das obras do aeroporto (José Wallenstein) tem uma fixação bizarra no bode Platão. Rio turvo é um filme de sexualidades desviantes?
Edgar Pêra: É um filme à antiga. Nem pinga de sangue, nem de sexo.
CINE-TUGA: Mas promete-se.
Edgar Pêra: Muito.
CINE-TUGA: Um país de promessas pede um filme de desejos e frustrações?
Edgar Pêra: Não faço ideia. Mas não tive qualquer intenção de exibir graficamente esses desejos. Mostrar sim, as angústias de não ver uma promessa cumprida.
CINE-TUGA: Quase parece um statement político: promessas não cumpridas…
Edgar Pêra: Mas não estou a falar de eleiçoes! Rio Turvo é um filme sem qualquer tipo de pretensão moralizante.
CINE-TUGA (sardónico): Independente e desalinhado como o Branquinho da Fonseca?
Edgar Pêra (estóico): Quando se fala do “maior aeroporto da Europa” só se pode estar a falar de um país pequeno. Branquinho da Fonseca ia directo aos assuntos sem doutrinar.
CINE-TUGA: Mas todo filme parece girar em torno de coisas invisíveis. As obras, os amores… É um filme sobre a invisbilidade? (petulante)
Edgar Pêra (esfíngico) : Quase. Mas trabalhar sem contrato já era uma realidade nos anos quarenta. E também era sobre isso que ele escrevia. O que não quer dizer de forma alguma que o Branquinho Fonseca fosse um neo-realista. Nem neo-surrealista.
Tuesday, March 27, 2007
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