Saturday, March 17, 2007

POST BRANQUINHO



- CINE-TUGA: Rio Turvo é um filme muito diferente dos outros. Não achas que estás a atraiçoar os teus espectadores?
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- Edgar Pêra: Não acredito que os “meus” espectadores só gostem de um tipo de filmes e também não espero fazer sempre o mesmo tipo de filmes. Dito isto, este filme parece-me ser a evolução natural. Não tem o barroquisno esquizóide da Janela (Maryalva Mix) nem o espontaneismo futurista do Manual de Evasão LX94 e de SWK4, mas também se improvisou muito, sobretudo ao nível dos actores secundários, como é o caso do Vítor Correia e da Paula Só…E o Nuno Melo acompanhou o filme desde a sua concepção. Fez comigo a localização dos cenários e esteve sempre presente na feitura do filme. E quem viu por exemplo o meu telefilme 88 sabe que há um outro caminho a percorrer. Muitos, aliás.
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- CINE-TUGA: E guião desta vez houve? (sorriso cínico)
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- Edgar Pêra: Já disse e repito: o guião é uma chave de ignição. Não devemos viajar agarrados a ela, não é o volante do filme. Aquilo que me guia são impulsos, vontade de filmar e montar o que ainda não imaginei, viajar por um caminho ainda não percorrido, inclusive por mim. Neste caso tinha a liberdade de ter algo contra o qual lutar. Com a estrutura do filme definida pelo conto, tinha umas grilhetas das quais me podia libertar sem no entanto perder de vista o ambiente e a história que me inspirou.
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- CINE-TUGA: Os admiradores do Branquinho da Fonseca podem então ficar descansados?
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- Edgar Pêra: Onde estão esses admiradores? (amuado) Espero sobretudo que o seu número aumente, a curiosidade desperte, a sua obra seja reeditada, etc., etc. Porque se trata de um autor não alinhado que também foi posto à parte. Quando concorri ao Icam em 2005 estava à espera que o projecto tivesse mais hipóteses porque se tratava do centenário do seu nascimento. Mas, que eu saiba, nem houve um dia dedicado ao Branquinho da Fonseca na Feira do Livro...

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